prevenção
A tecnologia está cada vez mais presente na vida de todos nós. Destaca-se o fácil e rápido acesso, o volume de informação, acesso facilitado a serviços e atividades culturais e de lazer, a possibilidade de contacto à distância, oportunidades de emprego e negócio e a possibilidade de teletrabalho. Há uma ação à distância, feita sem contacto físico, requerendo menos tempo e esforço, automatizada em muitos aspetos.
A fusão entre a nossa dimensão digital e física é mais evidente e está cada vez mais esbatida.
Porém, muitos utilizadores não estão sensibilizados e ainda menos alerta para os riscos que decorrem dessa utilização.
Assim, e sem pretender advogar contra a utilização da internet, consideramos urgente reforçar e investir no conhecimento e sensibilização por forma a proteger os seus muitos utilizadores
Só através do reforço da literacia digital nos poderemos proteger e tornar a navegação na internet mais segura e compreender as consequências da sua utilização de forma mais consciente.
Estratégias iniciais para uma
navegação mais cibersegura:
Reforce a privacidade das suas contas
Reforçar a privacidade das suas contas, não autorizando que terceiros acedam às suas publicações, localização, entre outros, poderá dificultar o acesso destes criminosos a si. Pondere também fazer uma revisão dos pedidos de amizade que aceitou de perfis de pessoas que não conhece.
PROTEJA OS SEUS DADOS
Revelar informações pessoais importantes nunca é aconselhável. Muito menos num espaço virtual. Proteja os seus dados, principalmente no seu perfil e em salas virtuais de troca de mensagens.
Aspectos simples como o seu apelido ou local onde mora ou trabalha são o suficiente para que sofra um furto de identidade ou para acederem outras informações ainda mais sensíveis, como dados bancários ou fiscais.
Palavras-passe mais seguras:
É importante criar palavras-passe diferentes para contas diferentes. A repetição e palavras-passe é um dos maiores riscos contra a sua cibersegurança.
A sua palavra-passe deve ser: Longa; Única e Aleatória.
Gerir a panóplia de palavras-passe pode ser difícil. Pondere utilizar uma aplicação que faça a gestão destas e ajude a criar novas.
Não partilhe as suas palavras-passe
Incluindo a de acesso à sua conta bancária ou Pin do cartão de multibanco. Caso estes dados lhe sejam pedidos, recuse e desloque-se a uma agência do seu banco ou contacte-os pelos números de telefone oficiais questionando a solicitação estes dados. O mais provável era tratar-se de uma burla e tentativa de acesso à sua conta.
Da mesma forma, nunca partilhe os códigos que recebe da sua entidade bancária para autorizar transferências ou pagamentos.
Ative a dupla autenticação no maior volume de aplicações e plataformas que conseguir.
Depois de criar palavras-passe seguras deve ativar a dupla autenticação / autenticação forte / verificação em duas etapas. Caso consigam descobrir a palavra-passe da sua conta de Instagram, por exemplo, se tiver a dupla autenticação ativa dificultará em muito esse acesso.
Veja o nosso guia.
DAR TEMPO ÀS RELAÇÕES ONLINE
Conhecer alguém demora tempo e a confiança constrói-se lentamente. Faça perguntas e preste atenção a pequenos detalhes e inconsistências antes de partilhar informações privadas suas, imagens ou transferir qualquer quantia monetária.
VERIFICAR OS PERFIIS
Use a internet a seu favor. Verifique a fotografia de perfil da pessoa em causa, utilizando a funcionalidade "pesquisar por imagem" da Google. Se a mesma fotografia aparecer noutro local com um nome diferente, por exemplo, é sinal de que a identidade dessa pessoa pode ter sido furtada pelo perpetrador.
Cuidado com o que se clica
Aconselhamos a não clicar em qualquer Url que seja enviado através de SMS, mesmo que conheça a entidade que o está a enviar. O melhor será procurar a plataforma dessa entidade (exemplo: ctt, entidade bancária, loja online, etc.) e verificar a informação. O mesmo se pode afirmar relativamente aos emails. Evite sempre que possível clicar em urls enviados por email.
Verifique o Url e o endereço eletrónico
Sempre que receber um email verifique o endereço eletrónico de quem envia. Muitas vezes esse elemento é muito esclarecedor. O mesmo se pode dizer em relação ao URL recebido por SMS ou email. Se tiver de clicar no URL, então, procure verificar o mesmo e perceber se coincide com a entidade que o está a enviar.
NÃO TRANSFIRA DINHEIRO
Não envie dinheiro a alguém com quem tenha conversado apenas na internet nem ponha dinheiro num cartão de oferta recarregável para essa pessoa – muito provavelmente nunca o receberá de volta.
Nunca deixes os teus dispositivos sem vigilância
A segurança física dos teus dispositivos é tão importante como a segurança técnica. Se por alguma razão te tiveres de ausentar dos teus dispositivos desliga os mesmo e certifica-te que os mesmos ao ligar têm algum código de autenticação.
Instala software antivírus, anti-malware e Manter o Software atualizado
Manter o software dos dispositivos atualizado é muito importante. Instale sempre as actualizações de segurança mais recentes nos seus dispositivos, de preferência ter ligada a opção de actualizações automáticas
Literacia Digital:
O conceito de literacia digital/tecnológica diz respeito à consciência, conhecimento e competências que permitem a uma determinada pessoa a utilização eficaz da Internet, das TIC e dos equipamentos e ferramentas associadas e a movimentação em ambientes digitais .
Constitui, por isso mesmo, um importante fator na determinação dos níveis de risco e de proteção face à cibervitimação. As competências e conhecimentos de utilização da Internet e das TIC parecem reduzir o risco de cibervitimação pelo facto de garantirem ao/à utilizador/a uma maior capacidade para identificar e atuar perante situações em que a sua segurança online possa estar em risco.
Assim, a uma elevada literacia digital está associado o aumento de comportamentos ciber-resilientes. A ciber-resiliência, por sua vez, é a capacidade de continuar a atividade online, pese embora a ocorrência de incidentes adversos, i.e. ataques cibernéticos. Uma pessoa ciber-resiliente consegue evitar e/ou recuperar de um ataque cibernético com a mínima ocorrência de danos possível.
Conheça os fatores de
risco e os fatores protetores
FATORES DE RISCO:
Os fatores de risco dizem respeito a características, condições ou variáveis associadas a uma determinada pessoa que aumentam a probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis.
Deste modo, concetualizando a cibercriminalidade como um problema ou resultado negativo, os fatores de risco associados à cibervitimação são características ou condições que podem aumentar a probabilidade ou a vulnerabilidade de uma determinada pessoa face ao cibercrime.
Fatores de risco associados às características sociodemográficas
A associação entre sexo e risco de cibervitimação não é linear variando consoante o tipo de cibercrime
Alguns estudos apontam para o facto de o sexo feminino apresentar maior probabilidade de ser vítima de crimes ciber-dependentes. O mesmo parece decorrer no caso do cyberstalking, com índices superiores de prevalência a afetar o sexo feminino, assim como no cyberbullying.
Por outro lado, no caso das situações de abuso e exploração sexual de crianças online, apesar de a proporção de vítimas do sexo feminino se superiorizar face à dimensão de situações de abuso e exploração sexual online contra crianças do sexo masculino, pelo menos no que respeita aos casos identificados, estes últimos são, por norma, alvo de formas mais graves, severas e intrusivas de agressão sexual.
Já no que respeita à exposição (nomeadamente de crianças e jovens), por exemplo, a conteúdos de discursos de ódio online, as diferenças na média europeia de índices de exposição entre meninas/raparigas e meninos/rapazes são mínimas. O mesmo cenário foi identificado na receção de conteúdos auto produzidos de natureza sexual/sexting, com médias muito semelhantes em ambos os sexos.
Igualmente, quando falamos do fator da idadeo mesmo varia consoante o tipo de cibercrime que falamos. Por exemplo há estudos que indicam que as pessoas mais velhas são, com maior frequência do que outras pessoas adultas, vítimas de cibercrime, nomeadamente de crimes ciber-dependentes, como o hacking.
Por outro lado, e em termos genéricos, a população mais jovem, como abordaremos em seguida, apresenta índices elevados de utilização intensiva das TIC e da Internet, concretamente das redes sociais, o que resultará numa maior vulnerabilidade à cibervitimação, em comparação com utilizadores/as mais velhos e com utilizadores/as menos frequentes.
Fatores de risco associados à utilização da Internet e das TIC
São vários os estudos que apontam para a existência de um aumento da vulnerabilidade à cibervitimação por diferentes formas de cibercrime, como seja o hacking, o malware e o phishing, em função dos níveis de utilização da Internet e das TIC. Parece, por isso, existir uma associação entre o nível de atividade nas TIC e a vitimação por cibercrime: pessoas com mais hábitos de utilização das redes sociais e das TIC em geral nas suas atividades diárias apresentam também níveis mais elevados de experiências pessoais de vitimação por cibercrime.
O risco aumentado de cibervitimação em função dos níveis de utilização das TIC não deverá, contudo, ser interpretado de forma linear em que, per se, a utilização das TIC e da Internet aumenta o risco de cibervitimação.
São sobretudo os comportamentos e o tipo de atividades encetadas aquando da utilização das TIC e da Internet os principais fatores que contribuem para a maior vulnerabilidade à vitimação por cibercrime.
Neste sentido, o estilo de vida online de uma pessoa afeta o risco de cibervitimação a que pode estar exposta. Algumas atividades, como o download de programas de freeware ou a utilização de websites de compartilhamento de arquivos, apresentam um nível maior de risco de cibervitimação do que outras atividades, como verificar e-mails ou visitar canais de notícias online.
Pessoas que se envolvem em atividades online menos seguras, como visitar websites desconhecidos e/ou efetuar download de músicas, vídeos, filmes e/ou jogos em plataformas não oficiais, apresentam maior probabilidade de serem alvo de alguma forma de cibervitimação.
A utilização da webcam, a realização frequente de compras online e a aceitação de pedidos de amizade nas redes sociais provenientes de pessoas/perfis desconhecidos aumentam o risco de cibervitimação
O efeito de desinibição, ou seja, o modo como a distância física a que a interação ou comunicação ocorre, a ausência de contacto direto no processo de comunicação, o maior anonimato e a perceção de maior controlo sobre o processo de interação parecem contribuir para uma maior facilidade na partilha de informação, na expressão livre de emoções e pensamentos e na adoção de comportamentos que não seriam, respetivamente, partilhados, expressos e praticados no caso de as interações terem lugar em contextos convencionais. Estes comportamentos poderão estar associados a situação de cibervitimação em que a partilha de informação íntima/confidencial é depois usada para cometer o crime contra quem fez essa partilha por exemplo – burlas online, divulgação não consensual de imagens e vídeos íntimos.
Nesse sentido, salienta-se a importância da consciencialização, do conhecimento e das competências de controlo face ao tipo e à dimensão de informação pessoal partilhada ou partilhável na Internet e, em concreto, nas redes sociais. A esse respeito, foi identificada uma associação significativa entre a perceção de risco de/para a privacidade, o controlo percebido face à informação partilhável e os comportamentos de partilha de informação nas redes sociais: as pessoas com níveis mais elevados de controlo percebido face à informação partilhada/partilhável, compartilham de forma mais criteriosa, percecionam se como mais seguras e apresentam menor probabilidade de serem vítimas de cibercrime (Hajli & Lin, 2014 cit in Saridakis et al., 2016).
Freeware diz respeito a software ou programas de computador cuja utilização não requer a aquisição de licença/pagamento monetário.
FATORES PROTETORES:
A informação, a sensibilização e a educação enquanto estratégias de prevenção
No campo dos fatores protetores torna-se clara a importância da informação, da sensibilização e da educação de utilizadores/as da Internet e das TIC para o seu papel (ou melhor, para o papel dos seus comportamentos e das suas competências) no aumento da ciber-resiliência e consequente redução do risco de exposição ao cibercrime
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As campanhas de informação e sensibilização deverão promover o uso seguro e competente da Internet e das TIC;
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Os programas educativos devem fornecer conhecimento e oportunidades para o treino e assimilação de competências necessárias para a adoção de comportamentos de segurança;
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Informar, de forma explícita, relativamente aos riscos a que os/as utilizadores/as podem estar sujeitos face à utilização da Internet e das TIC;
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Identificar e consciencializar os/as utilizadores/as para os comportamentos pessoais de risco que podem aumentar a vulnerabilidade à cibervitimação;
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Sensibilizar os/as utilizadores/as para as medidas de proteção e de cibersegurança existentes, incluindo através de informação objetiva sobre a eficácia da proteção disponível;
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Instruir sobre as formas de implementação das medidas de proteção e cibersegurança disponíveis, nomeadamente através de ajuda contextual e de instruções passo-a-passo, por exemplo;
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Enfatizar os resultados positivos associados à adoção de comportamentos seguros online.
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